sábado, 11 de setembro de 2010

Coma Informático

Caros leitores e visitantes cá do tasco,

Venho comunicar que o meu computador particular entrou em coma, prevendo-se a saída do mesmo a partir de dia 20 do corrente.

Assim, é com grande pena minha que ainda vou ter menos possibilidade de vos ler, de vos visitar, de socializar convosco, pelo menos durante uns tempos.

A parte boa disto é que, ao não estar entretida na net e nos blogues ao serão, vai-me sobrar mais tempo para arrumar papeladas e para dar uma volta às roupas de Inverno... (embora nada disto me deixe especialmente feliz... :( )


Beijinhos grandes e fiquem bem.

Até ao meu regresso :*

Alcafache - 25 anos

Há anos, estive nas termas de Alcafache, sentindo, em pleno Inverno, o calor das águas termais e o leve cheiro a "ovos podres", resultante de águas sulfurosas.

Nesse dia, mencionou-se levemente o acidente, para mim desconhecido, pois era demasiado menina na época em que ocorreu.

Por vezes, passo perto do memorial dedicado às vítimas do maior acidente ferroviário de Portugal.

E o que mais me lembro, ao passar lá, foi algo que ouvi dizer a um moço da minha idade, que na altura foi, ainda criança e juntamente com o pai, socorrer as vítimas:

"Nunca mais me esqueço do cheiro a carne queimada. Andei durante muito tempo sem comer carne assada, devido ao que o cheiro me lembrava..."


E com toda a importância que esse acontecimento teve e tem, no nosso país, fiquei a saber hoje que nunca ninguém foi responsabilizado pelas mortes ocorridas, nunca se avaliaram correctamente o número de vítimas e reparo, tristemente, que esta notícia teve direito a MENOS tempo de antena que o resumo do WTC...


Descansem em paz.

WTC - 9 anos

Dizem, no noticiário, que foi um dia inesquecível.

Mas para o caso de nos termos esquecido, tornam a mostrar as imagens terríveis daquele dia, durante uns largos minutos.

Doeu-me, novamente, a dor e o medo das pessoas que sofreram directamente com tudo o que aconteceu.

Dói-me as mortes de inocentes, resultantes duma guerra que não quiseram nem provocaram.

Enraivece-me a impunidade e a hipocrisia dos verdadeiros culpados.

E não me venham dizer que não foi um inside job...

domingo, 5 de setembro de 2010

"A saúde mental dos portugueses"

"A saúde mental dos portugueses
Por Pedro Afonso

Alguns dedicam-se obsessivamente aos números e às estatísticas esquecendo que a sociedade é feita de pessoas


Recentemente, ficámos a saber, através do primeiro estudo epidemiológico nacional de Saúde Mental, que Portugal é o país da Europa com a maior prevalência de doenças mentais na população. No último ano, um em cada cinco portugueses sofreu de uma doença psiquiátrica (23%) e quase metade (43%) já teve uma destas perturbações durante a vida.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque assisto com impotência a uma sociedade perturbada e doente em que violência, urdida nos jogos e na televisão, faz parte da ração diária das crianças e adolescentes. Neste redil de insanidade, vejo jovens infantilizados incapazes de construírem um projecto de vida, escravos dos seus insaciáveis desejos e adulados por pais que satisfazem todos os seus caprichos, expiando uma culpa muitas vezes imaginária. Na escola, estes jovens adquiriram um estatuto de semideus, pois todos terão de fazer um esforço sobrenatural para lhes imprimirem a vontade de adquirir conhecimentos, ainda que estes não o desejem. É natural que assim seja, dado que a actual sociedade os inebria de direitos, criando-lhes a ilusão absurda de que podem ser mestres de si próprios.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque, nos últimos quinze anos, o divórcio quintuplicou, alcançando 60 divórcios por cada 100 casamentos (dados de 2008). As crises conjugais são também um reflexo das crises sociais. Se não houver vínculos estáveis entre seres humanos não existe uma sociedade forte, capaz de criar empresas sólidas e fomentar a prosperidade. Enquanto o legislador se entretém maquinalmente a produzir leis que entronizam o divórcio sem culpa, deparo-me com mulheres compungidas, reféns do estado de alma dos ex-cônjuges para lhes garantirem o pagamento da miserável pensão de alimentos.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque se torna cada vez mais difícil, para quem tem filhos, conciliar o trabalho e a família. Nas empresas, os directores insanos consideram que a presença prolongada no trabalho é sinónimo de maior compromisso e produtividade. Portanto é fácil perceber que, para quem perde cerca de três horas nas deslocações diárias entre o trabalho, a escola e a casa, seja difícil ter tempo para os filhos. Recordo o rosto de uma mãe marejado de lágrimas e com o coração dilacerado por andar tão cansada que quase se tornou impossível brincar com o seu filho de três anos.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque a taxa de desemprego em Portugal afecta mais de meio milhão de cidadãos. Tenho presenciado muitos casos de homens e mulheres que, humilhados pela falta de trabalho, se sentem rendidos e impotentes perante a maldição da pobreza. Observo as suas mãos, calejadas pelo trabalho manual, tornadas inúteis, segurando um papel encardido da Segurança Social.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque é difícil aceitar que alguém sobreviva dignamente com pouco mais de 600 euros por mês, enquanto outros, sem mérito e trabalho, se dedicam impunemente à actividade da pilhagem do erário público. Fito com assombro e complacência os olhos de revolta daqueles que estão cansados de escutar repetidamente que é necessário fazer mais sacrifícios quando já há muito foram dizimados pela praga da miséria.

Finalmente, interessa-me a saúde mental de alguns portugueses com responsabilidades governativas porque se dedicam obsessivamente aos números e às estatísticas esquecendo que a sociedade é feita de pessoas.
Entretanto, com a sua displicência e inépcia, construíram um mecanismo oleado que vai inexoravelmente triturando as mentes sãs de um povo, criando condições sociais que favorecem uma decadência neuronal colectiva, multiplicando, deste modo, as doenças mentais.

E hesito em prescrever antidepressivos e ansiolíticos a quem tem o estômago vazio e a cabeça cheia de promessas de uma justiça que se há-de concretizar; e luto contra o demónio do desespero, mas sinto uma inquietação culposa diante estes rostos que me visitam diariamente. Médico psiquiatra


in Público - A saúde mental dos portugueses, 21/06/2010"


Este texto, excelente no conteúdo e na simplicidade com que é abordado, reflecte a nossa sociedade, na vertente "mental".

E repito o que já disse por várias vezes (talvez não aqui):
Termos uma juventude "estúpida" e desinformada, emburrecida, sermos um povo inundado de "rendimentos mínimos", falta de educação (académica e social) e estupidificado por futebóis e telenovelas (muitas delas, a reflectirem um modo de vida "errado", sem valores sociais, mas que passa a ser "certo" porque apareceu na TV...), torna-nos fáceis de controlar.

E é por isso que o Governo, e os Governos acima do Governo, nos querem assim:
- estupidificado quem não está atento,
- mental, espiritual e fisicamente esgotado quem tem alguns conhecimentos para poder tentar mudar o rumo das coisas...

:(

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Povo de Sucupira...

... dizia o Odorico Paraguaçu, antes de discursar... Lembram-se?

Mas hoje, não vos venho atormentar com discursos, venho sim pedir-vos que assinem esta petição (roubada descaradamente aqui), para que, além do referido pelo Eng.º José Martino, se comecem a deixar cuidar os campos por quem os quer cuidar e não tem terras para o fazer.

Se virem algumas imagens de incêndios, como eu vi, nota-se bem que as áreas menos atingidas foram as que estão a ser aproveitadas pelos agricultores.
Aproveitadas, tratadas, limpas.

E foram estas áreas agrícolas, apesar de algumas vinhas e pomares e cereais e pastagens se terem queimado, que impediram desgraças maiores.

Portanto, vamos impulsionar a Agricultura.

Lembrem-se:
O sector Primário chama-se Primário precisamente por que é o que satisfaz as nossas necessidades básicas.
Ninguem vive sem a Agricultura.
Ninguém vive sem comer, e além disso, "vestimos" agricultura (algodão, linho, lã, seda...), "calçamos" agricultura (couro)...
Ultimamente, até andamos a Agricultura (biodiesel)...

Vá, façam lá o jeitinho.
Esta mensagem é importante.

E em vez de reclamarmos que não podemos fazer nada, tentemos mudar alguma coisa.
Para melhor.

Daí, peço-vos, se for da vossa concordância (e não vejo porque não seja...):

Assinem esta petição.
Para bem da nação, para teu bem, para meu bem, para bem dum povo que precisa de se tornar mais independente do exterior.

E é supersimples!
Obrigada. :)


"Petição Banco/Bolsa de Terras Público
Para:Publico em Geral

Considerando que:

Nos últimos tempos, a agricultura foi um dos temas dominantes da agenda política nacional, por ser cada vez mais importante para o desenvolvimento económico em Portugal;

A crise económica, financeira e social que vivemos impõe um “regresso às origens”, no sentido de dar mais atenção ao que é nacional;

A terra, como fonte de riqueza, de criação de postos de trabalho e de produção de produtos de qualidade “made in” Portugal com forte capacidade exportadora;

A agricultura e a floresta são fonte quase inesgotável de recursos naturais que devem ser bem explorados e aproveitados para ajudar a equilibrar a nossa balança comercial e de pagamentos;

É preciso travar o êxodo rural e a desertificação do interior e o abandono das terras;

O reforço da biodiversidade e a defesa do meio ambiente passa pelo cultivo e tratamento de terras abandonadas, porque só assim se garante o equilíbrio paisagístico, o combate aos fogos florestais e o desenvolvimento harmonioso das regiões portuguesas;

Há muitos proprietários que apenas arrendam as terras a quem garanta o pagamento das rendas e a rentabilização do imóvel;

Há muitos jovens agricultores que procuram terras para as trabalharem, mas que não conseguem quem lhes arrende ou venda a valores que possam ser amortizados com os rendimentos das actividades agro-florestais.


Solicita-se à Assembleia de República / Governo que seja elaborada legislação que permita a criação de um Banco de Terras Público, gerido pelas Direcções Regionais de Agricultura e Pescas (DRAP), garantindo aos proprietários o pagamento das rendas e a devolução dos terrenos, no fim do contrato de arrendamento, pelo menos no mesmo estado de uso inicial.

O Estado assume os deveres do arrendatário perante o proprietário e, posteriormente, cobra do rendeiro os valores que contraiu em seu nome.

A Caixa Geral de Depósitos devia disponibilizar uma linha de crédito, a exemplo do que faz no crédito à habitação (com base nos rendimentos de trabalho do agregado familiar), para aquisição de terras ou pagamento de tornas a co-herdeiros.

O Banco de Terras terá por base uma plataforma informática (banco de dados digital), gerida pelas DRAP, onde os proprietários inscreverão as terras, bem como ficarão registados os interessados em explorá-las.

Haverá um serviço de avaliação das superfícies e potencial produtivo de cada um dos prédios, bem como o controlo da sua titularidade, o qual poderá ser executado pelas DRAP ou delegado/protocolado noutras organizações do território de cada Região (Associações de Agricultores, Autarquias, Empresas, etc.).

Esta solução permite aumentar a riqueza nacional e permite a quem goste de agricultura dedicar-se ao sector. Para além das vantagens económicas, o Banco de Terras Públicos tem, como se viu, vantagens sociais e de segurança florestal.


Jose Martino


Os signatários "