segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Devagarinho...



... começo a sentir o coração a bater.

Tomo consciência de cada batida, dada em sofrimento, em compasso de dor...

E começa [o coração] a ficar cada vez mais inchado, esticado, a rasgar por não caber em si de tanta dor.

E os pulmões começam a falhar, e o ar sai do peito em soluços custosos.

Os olhos enchem-se de lágrimas que transbordam como há muito tempo não o faziam.

E o coração rebenta e as lágrimas são rios desregrados que escorrem no meu rosto.



E grito.
Grito a minha dor, a minha revolta, a minha angústia, grito em silêncio sufocando-me na almofada que me acompanha nas minhas dores e nas minhas alegrias.

Grito contra ti, contra o mundo, contra mim, grito apenas sem ninguém me ouvir.




Mas desta vez foi demais.
E dói demais.
E dói, dói, dói!

E apetece-me partir tudo, rasgar tudo, cortar com uma faca o que me dói, pegar no carro e sair à deriva por aí.
Ir ver o mar.
Despistar-me numa curva.
Perder-me de vez.

E só voltar quando encontrar em mim, dentro de mim, o espaço vazio e limpo dos estilhaços do meu coração, que nunca, mas nunca mesmo, nunca devia ter saído do congelador onde estava.








6 comentários:

  1. Confesso que me doeu o coração ao ler as tuas palavras mas...

    Ao consigir entender e sentir o que queres transmitir.... fico feliz.... o facto de conseguires verbalizar algo que te consome é positivo... quer dizer que a ferida se fecha... quer dizer que a dor se esvanece...

    devagar a cicatriz irá desaparecer...

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  2. Mas passa. Essa é a melhor parte, saber que vai passar e que vais seguir em frente.

    Beijo doce

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  3. Isto está complicado por aqui...e quando se trata do coração...

    Nós podemos querer guardá-lo, fechá-lo a sete chaves, mas a verdade é que não conseguimos... não podemos. Se rasga, se dói, se se parte em pedacinhos, só temos de o deixar ganhar forças (e de ganharmos nós forças de novo), aos poucos, devagarinho. E, bem devagarinho, voltamos a ganhar fôlego, voltamos a conseguir respirar... ainda dói, verdade, ainda custa a respirar, mas devagarinho, tão devagarinho que só ele consegue, lá voltamos a respirar. E voltando a respirar, voltamos a caminhar, devagarinho, muito devagarinho, que as forças ainda são poucas. Mas a pouco e pouco, as forças voltam e, não tarda nada, já só pensamos em correr, e quando damos por ela, já o coração volta a bater descompassado como se nos quisesse saltar do peito.

    Portanto, deixa que as forças voltem, a pouco e pouco. Devagarinho. Porque elas existem, elas estão aí, bem dentro de ti.

    Abraço.

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  4. Eu Mesma!:
    Tens razão. Consegui verbalizar já na fase do "acalmar". Porque verbalizar ajuda-me. Ter publicado, bem... Foi uma das formas de gritar em silêncio...
    beijinho :)

    ..-..-..

    aliensoul:
    Obrigada pelo comentário (se bem que não percebi muito bem do que gostaste... confesso! :p) e pela visita! :)
    Beijitos

    ..-..-..

    Fénix:
    Aguardemos. :)

    Beijinhos

    ..-..-..

    Blue...
    Há dias assim. Agrada-me ver, nas minhas etiquetas, que são mais vezes as palavras "Contentitas" que as "Coisas que me deixam triste".
    Mas há dias em que tudo tem mesmo de ser devagarinho, como bem disseste.
    E sim, um dia começamos a correr.
    Obrigada pelas tuas palavras e pelo teu abraço.
    Beijinho :)

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  5. Fada,
    Neste caso vale mais escrever do que agir!
    Entendo as tuas palavras, o querer desaparecer, o querer partir tudo!
    Mas o coração é mais forte do que a nossa mente.
    Vais ver que recuperas rapidamente!
    Beijinhos

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Sopra no vento o que pensas, sentes ou sonhas... Que o vento trará até ao alto da minha árvore as tuas palavras...

Obrigada...