Canja!

“A Canja é um sopa típica portuguesa feita à base de arroz. A sua principal variação é a canja de galinha, que tem na cultura popular do país uma forte crença nas suas propriedades medicinais, em particular no combate à gripe. A canja é particularmente recomendada no tratamento da diarreia de modo a combater a desidratação, sobretudo se é feita de modo a ficar muito líquida e salgada. Em certas regiões portuguesas, nomeadamente na região centro, existe uma tradição de dar apenas canja às mulheres depois do parto durante algumas semanas.
A canja é originária da China onde é chamada Congee. (...) É muito provável que a canja tenha sido trazida da China devido precisamente às suas propriedades reconfortantes e medicinais. (...) Por influência portuguesa, a canja é também consumida no Brasil e outros países de expressão portuguesa.” (adaptado daqui)

Hoje, estive a fazer uma canjinha de pato. E porquê? Porque estou mal da barriguinha e não tinha galinha... :p

Na conversa com um bloggerfriend sobre canjas e afins, sendo ambos fãs de canja, lembrei-me de mencionar que já comi canja de cornos. Perante a surpresa dele e o desconhecimento de tal canja, decidi fazer um post sobre as canjas que conheço.

Usualmente, a canja é de galinha (de galinha mesmo, não de frango). Há quem use arroz (eu prefiro!) e há quem use massa (também uso, e prefiro as letrinhas e as estrelinhas, vá-se lá saber porquê... lol).

Há quem ponha os miúdos da galinha (eu gosto: moelas, figado, coração, ovinhos), as patas, os pescoços.

Há quem desfie pedaços da carne (também costumo), ou quem acrescente um ovo batido para ficar em fios (hoje fiz assim) ou até, um ou dois ovos cozidos partidos aos bocaditos (às vezes, a minha mãe também faz assim, para enriquecer a sopa, e eu gosto muito, também).

Já me serviram canjas em que acrescentaram cenoura (fica com um gosto adocicado) e canjas com hortelã (dá-lhe um toque de frescura).

Já comi canja de faisão, e canja de pombo, esta última no 9º Festival de Sopas da Serra da Estrela , em que ganhou um prémio, e era denominada de “Creme de Pombo com Alecrim” (não era má, mas quando a fui buscar já era tarde e o arroz estava espapaçado, além disso, nesse dia provei 9 sopas, porque fui com a Pipoquita e o marido, e íamos trocando as 3 que cada um tinha comprado, portanto, já não estava com grande apetite... lol).

Também já comi canja de amêijoas, e é uma delícia... (Serei eu mesmo muito gulosa?!!??! lol Não sou "gulosa", não, sou "apreciadora"... eheheh)

E, finalmente, a mais invulgar de todas: a Canja de Cornos, que comi numa feira do Soito, no ano passado. Era muito boa, ligeiramente picante e, creio eu, levava a carne da cabeça e junto aos cornos, pimenta, sal e massa. Era uma sopa um pouco escura, mas saborosa.

Conhecem mais tipos de canja?? Sim?? Então, contem!!!

Não vou terminar este post sem fazer uma referência a uma memória que me surgiu enquanto o escrevia.

Há uns anos, fui visitar o Ecomuseu de Torredeita , (pois, eu realmente gosto de passear por este Portugalinho fora... :p) onde foi mencionada a “Sopa de galinha desfiada”. Claro que pensei logo que seria uma “Canja”. Mas não.

Nos tempos da fome e da miséria, em que galinhas só ao Domingo e em dias de festa na mesa dos ricos, os trabalhadores rurais, numa vida dura e pobre, mantinham um espírito tanto alegre como resignado à sorte, mas orgulhoso, firme e recto.

Então, aquando do intervalo para almoço, depois duma manhã árdua e antes duma tarde difícil, cada família de jornaleiros almoçava debaixo da sua sombra, e perguntavam duma sombra para a outra:
“Então, o que trazeis para comer??”
E a resposta, irónica, alegre, orgulhosa, era “Sopa de galinha desfiada!”, para descrever uma malga com uma cebola partida em quartos ou fatias finas, e regada com vinho tinto...

Bom fim-de-semana! :)